A pizza virou sushi

Carolina Damrat
3 min readApr 9, 2020

Durante a minha infância, minha família viveu momentos de “vacas gordas” e de “vacas magras”. Na fase da bonança, a pizza era uma janta especial , lembro que pedíamos praticamente todo mês e sempre era uma festa. Já na fase mais complicada, a pizza se tornou ainda mais especial por ser bem menos frequente.

Lembro que nesta fase minha irmã ainda era pequena, mas já tinha o seu sabor preferido: calabresa; enquanto minha mãe, minha avó e eu gostávamos de frango com catupiry. Meu pai sempre pedia um terceiro sabor que fosse de sua preferência. Quando além da pizza meus pais pediam batatinha frita — NOOOSSAAA — aí sim! Era como nas propagandas da Coca que passavam na TV.

Sempre tive e ainda tenho muito carinho por essas lembranças. De ouvir a buzina da moto, de ver a vó fazendo questão de separar o dinheiro para ajudar — isso quando ela não decidia que iria pagar tudo; do meu pai conversando com o entregador que era conhecido dele, o cheiro da pizza quente entrando na casa, a minha mãe preparando a mesa e de todos nós sentados juntos saboreando uma bela pizza.

Depois que “casei” tentei manter a tradição na minha casa. Até deu certo no começo, mas depois meio que desandou. Lembro que as duas últimas pizzas que pedi terminei de comer chorando, por algum motivo, algum desentendimento… Prometi que nunca mais pediria uma pizza, nunca mais comeria algo tão importante em uma situação como àquelas…

Um dia me separei. Pedi pizzas broto para comer sozinha algumas vezes e não me fez o menor sentido. Pizza, pra mim, representa família, família em um momento diferente do cotidiano, uma simbologia potente demais para tentar reproduzir sozinha — principalmente lembrando das últimas vezes que comi com lágrimas. Foi aí que a pizza virou sushi.

Hesitei muito para experimentar peixe cru pela primeira vez, mas quando experimentei foi amor à primeira mordida! Desde então a culinária japonesa (abrasileirada) se tornou a minha favorita. Favorita e muito, MUITO especial. Um dia tive a incrível sacada de criar um hábito novo na minha vida de solteira que mora sozinha: fiz dos combos de sushi a minha janta especial! Afinal, eu nunca fiquei triste comendo sushi.

Depois disso, muita coisa mudou. Uma vez por mês procuro um combo em uma promoção maravilhosa, pago o mesmo valor — quando não menos — de uma pizza e reforço o quanto foi importante para o meu emocional e para a minha liberdade ter criado este hábito.

Tem vezes que como na cozinha, bem comportada. Em outras como no sofá da sala mesmo, assistindo algum filme legal e às vezes tenho a companhia do meu namorado, mas em todas, digo TODAS, eu sempre estive muito feliz!!

E no fundo, é isso o que de fato importa, não é mesmo??

Imagem: disponível em Pinterest.com

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Written by Carolina Damrat

Historiadora, carrego no peito a paixão por ler, escrever e contar histórias — não à toa, trabalho com produção de conteúdo e com textos criativos!

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